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Imagens raras de Itapecuru Mirim revelam parte da história no início do século XX

A Igreja de Nª Srª do Rosário dos Pretos anterior à Balaiada ficava no lugar onde demoliram a caixa d'água no mercado recentemente

Redação
Por: Redação Fonte: José Carlos Pimentel Cantanhede - Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA)
16/08/2025 às 07h33 Atualizada em 16/08/2025 às 08h03
Imagens raras de Itapecuru Mirim revelam parte da história no início do século XX
Antiga igreja de Nª Srª do Rosário dos Pretos, em Itapecuru Mirim. O prédio desabou em 1924 por ocasião de uma grande enchente do rio Itapecuru. A foto é anterior a esta data e está no Acervo Digital do IPHAN.

Três preciosas fotografias do princípio do século XX, localizadas no acervo digital do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), ajudam a contar um pouco da história da igreja católica em Itapecuru Mirim; principalmente sobre a extinta Igreja Nossa Senhora do Rosário. As três citadas fotos apresentam a Fachada, o Altar de São Benedito e a Imagem de Nossa Senhora do Rosário.

A igreja mais antiga e duradoura que existiu em Itapecuru Mirim, foi a Igreja Nossa Senhora do Rosário, edificada pela Irmandade dos Homens Pretos. Ainda no século XVIII essa irmandade edificou uma capela em devoção a Nossa Senhora do Rosário. E por volta de 1820, a capela deu lugar à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

A história da igreja católica em Itapecuru Mirim tem como principal fonte bibliográfica o livro Sinopse da História de Itapecuru Mirim. São Luís: Edições AICLA, 2018, de autoria de Jucey Santana. Nele a autora comenta que em 1801 foi criada a Freguesia de Nossa Senhora das Dores. No entanto, a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores foi edificada somente no século XX, entre o final da década de 1930 e os primeiros anos da década seguinte.

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Os estudiosos e os curiosos são sabedores que parte do acervo iconográfico da Igreja Nossa Senhora das Dores é oriundo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, como o São Vicente de Paulo, Nossa Senhora do Rosário, Santa Terezinha, São Benedito e algumas outras. Mas, a verdade é que pouco se sabe a respeito dessa extinta igreja itapecuruense.

Apresentamos aqui as fotografias da extinta Igreja de Nossa Senhora do Rosário, e uma breve análise de cada uma delas.

Foto1: Nossa Senhora do Rosário. Imagem: Acervo Digital do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

FOTO 1: Apresenta Nossa Senhora do Rosário, de pé, frontal, cabeça levemente inclinada à esquerda, cabelos ondulados, encoberto com véu branco médio, caído sinuosamente, formando pequenas dobras. olhos abertos. nariz aquilino com orifícios. Braços levemente curvados: traz um terço (rosário) na mão direita; e na esquerda, o Menino Jesus. Veste túnica longa com motivos florais, cintura cingida por cordão. No seu pedestal, é ladeada à esquerda por um tocheiro; e à direita por um crucifixo de base zoomórfica.

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Foto2: Retábulo de São Benedito. Imagem: Acervo Digital do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

Foto 2: Embora a igreja tivesse como invocação Nossa Senhora do Rosário. Aparentemente, em algum momento São Benedito assume o protagonismo, conforme pode ser observado na foto 2, na qual a imagem desse santo passa a ocupar o nicho central do altar. Tendo ao seu lado e abaixo, imagens em proporções menores.

Foto 3: fachada da extinta Igreja Nossa Senhora do Rosário. Imagem: Acervo Digital do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

Foto 3: Pela fotografia pode se observar que era uma igreja singela e já bastante envelhecida, sem um estilo arquitetônico predominante; mescla elementos coloniais no telhado, portas e janelas. Mas hibridados a um frontão eclético com pseudocolunas, pseudocunhais, 2 pinhas lisas nas extremidades da platibanda, e ainda 2 pequenos pináculos ladeando o frontão triangular.

Pela análise do que apresenta a fotografia, parece uma igreja inacabada, principalmente se for observado o terreno (o largo); a falta de calçamento à sua frente e laterais. Essa Igreja ficava localizada na área atrás do Mercado de Itapecuru Mirim. E teve a sua destruição decorrida de grande enchente do rio Itapecuru, ocorrida em 1924. Embora tenha ocorrido esforços coletivos para a sua reconstrução, ela acabou extinta. Deixando apenas o que se preserva na Matriz Nossa Senhora das Dores, os poucos registros literários como o citado livro de Jucey Santana, e fotografias como estas comentadas aqui.

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Comentando ainda a respeito desse acervo fotográfico da Igreja Nossa Senhora do Rosário, a sua ficha de catalogação e tombo (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – DPHAN – ARQUIVO), traz manuscrito as seguintes informações:

Imagem: Acervo Digital do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

Altar e santos da igreja matriz de Itapecurú Mirim, que infelizmente já sofreu modificações mesmo posteriores a construção devida ao Presidente Alves de Lima (futuro [Duque de – grifo nosso] Caxias).

No entanto, é sabido que Duque de Caxias, na última vez que esteve em Itapecuru Mirim, no idos de 1841, apenas lançou a pedra fundamental, mas não edificou nenhuma igreja nesta cidade.

Um pouco abaixo, na ficha catalográfica, temos o ano e o autor da catalogação: R. Lopes, 1939. E finalmente, abaixo à esquerda, a autoria da foto: Gregório Pantoja, fotografo que chegou em São Luís, em 1880, vindo de Belém, em companhia do também fotógrafo, Gaudêncio Cunha, com quem trabalhou até 1908.

Em 1909, Gregório Pantoja fundou a Photographia Americana e, no mesmo ano, iniciou uma grande excursão por cidades e vilas maranhenses. No entanto, bem antes disso, já há notícia de viagens suas a trabalho. Em alguma delas deve ter realizado as fotografias da Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Itapecuru. Para subsidiar essa suposição, temos uma notícia do jornal Diário do Maranhão, de 28 de abril de 1904, citando que ele estava sendo aguardado na Vila (atual cidade) de Rosário para trabalhos fotográficos. Possivelmente essa viagem se estendeu por outras cidades e vilas, rio acima. E quem sabe, por Itapecuru Mirim.

João Carlos Pimentel Cantanhede é Mestre em Artes Visuais pela UFMA, Especialista em História do Maranhão pela UEMA e membro efetivo da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes - AICLA.

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João Carlos Pimentel Cantanhede Há 1 hora São Luís Maranhão São fotos preciosas. Espero que contribuam para a historiografia de Itapecuru Mirim. Parabéns e obrigado por manter esse espaço para publicações desta natureza.
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